segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Carnaval

Adeus Fraldas (1-2 anos)

Nenhuma criança abandona as fraldas só porque o tempo está mais quente ou aos pais dá mais jeito. Este é um processo independente da vontade dos adultos e da chegada do Verão.

Primeira coisa a saber: antes dos dois anos, nenhuma criança está preparada para deixar as fraldas. Claro que pode haver exceções, mas a maioria das crianças só consegue ter algum controlo sobre os esfíncteres e os intestinos a partir desta idade.

Segunda: tirar as fraldas não depende da vontade dos pais, mas sim da maturidade biológica e psicológica da criança. Tal como outras aquisições – andar ou falar, por exemplo – o mais importante é respeitar o ritmo de cada uma.

Terceira: o sinal mais evidente de que uma criança pode estar pronta para iniciar esta nova etapa de crescimento é manter a fralda seca durante algum tempo. O que quer dizer que já consegue reter o chichi.

Os três pontos acima reúnem consenso entre os especialistas na matéria: do norte-americano Berry Brazelton, o pediatra mais famoso do mundo, à britânica Miriam Stoppard, médica autora de vários best-sellers sobre cuidados infantis.

Tirar as fraldas, dizem ainda os entendidos no assunto, não tem de ser um momento de angústia e de stresse entre pais e filho. «Os bebés a quem se deixa que atinjam o controlo dos esfíncteres ao seu ritmo próprio aprendem depressa a usar o bacio e têm poucos acidentes. As coisas só correm mal quando os pais interferem com o progresso estável do seu filho, impondo-lhe horários ou esperando dele demasiado em pouco tempo», afirma Miriam Stoppard.

O problema é que os pais, muitas vezes, estão cheios de pressa para tirar as fraldas ao filho. «É óbvio que os pais estão com pressa. As fraldas são caras. Mudá-las é muitas vezes desagradável e inconveniente», reconhece Brazelton, lembrando, contundo, que «para evitar a ansiedade da criança, ela precisa de saber que a decisão é dela e que pode fazer tudo ao seu próprio ritmo».

«Respeitar o ritmo de cada criança» é também o conselho do pediatra Luís Pinheiro, chefe de serviço no Hospital de Cascais. «Quando os pais notarem que a fralda fica seca durante algum tempo, podem começar a pôr a criança no bacio ou na sanita de vez em quando», recomenda, mostrando-se contra ao presentes, como forma de encorajar a ida à casa de banho, e contra os castigos quando a criança tem algum descuido. «É preciso apoiá-la sempre. E quando consegue fazer chichi ou cocó na sanita, basta mostrar contentamento, bater palmas, fazer uma festa.»

in revista Pais e Filhos, 28 Novembro de 2009